Minhas leituras pré-mestrado - Caderno de estudos #2
O que ando lendo durante esse período?
A antropóloga e professora Debora Diniz, em seu livro Carta de uma Orientadora, sugere que tenhamos três cadernos de anotações distintos durante o mestrado e/ou doutorado. Já tenho um e usarei esse espaço da newsletter como um outro caderno. Quero deixar registrado aqui minha caminhada no mestrado e todas as leituras, insights e anotações pessoais nesse processo de dois anos.
Falei um pouco sobre o meu processo de entrar no mestrado e sobre meu projeto nessa edição aqui, caso tenha perdido: De volta à vida acadêmica - Caderno de estudos #1.
Meus amigos não aguentam mais eu falando sobre o mestrado ou fazendo piadas como ‘‘gente, não sei se vocês sabem, mas passei no mestrado! 😁’’. Acontece que estou realmente feliz com essa conquista e contando os dias para começar. Entendo que toda essa euforia é bem naïve, mas não consigo controlar a empolgação e estou aproveitando bastante todo esse meu ‘‘hiperfoco’’ (espero que a próxima edição da news sobre isso eu não esteja aqui reclamando e apavorado pensando ‘‘onde eu me meti, gente?!). Por enquanto, estou contente em romantizar tudo e me sentindo como a Selin, de A idiota, prestes a adentrar em Harvard.
Minhas aulas começam em abril, e irei cursar seis matérias ofertadas durante todo o ano. No programa de pós-graduação da minha universidade, o primeiro ano é focado apenas para cursar as disciplinas, e o segundo apenas para a escrita da dissertação. As disciplinas escolhidas por mim e com auxilio da minha orientadora, foram: O romance lírico; Os espaços da memória na forma romanesca; Práticas de Leitura no Ciberespaço; Questões Contemporâneas de Literatura e cultura; Literatura de Autoria Feminina, Interseccionalidades e Construção de Identidades; e Literatura: tradução e adaptação. Vou estar trabalhando normalmente nesse período, não faço ideia como será ou se até meu eu vou aguentar — impossível não é, pois muita gente conseguiu conciliar as duas coisas + administrar uma família (Oi,
! rs).Como estava há cinco anos fora desse universo acadêmico, senti que precisava me familiarizar com ele e com o seu tipo de texto. Foi aí que surgiu a ideia de recomendar essas leituras. O que eu ando lendo antes do mestrado e como estou me familiarizando com a escrita acadêmica?
A primeira recomendação é Carta de uma orientadora, da Debora Diniz. Já recomendei nos notes do Substack e possui tantos likes que fiquei até assustado com o tamanho do interesse do pessoal no livro. É um livro totalmente afetuoso e cheio de dicas. Debora pega na sua mão, olha nos seus olhos e diz que está tudo bem — você vai conseguir! Ela aconselha e oferece dicas desde como você pode escolher um tema para um mestrado/doutorado, como escolher a orientadora, e como escrever um pré-projeto e ler artigos acadêmicos. Achei uma leitura essencial para quem quer tentar um mestrado ou até mesmo quem está no processo ou já é mestre. Creio que é bom acalmar um pouco os nervos e ver que nem tudo é um grande bicho de sete cabeças. Esse livro tem me acalmado nos momentos que duvido de mim mesmo — e tenho certeza que irei revisitá-lo mais vezes.
Outra recomendação é ler teses publicadas que estejam alinhadas com seus interesses pessoais. Li dois livros nesse segmento que abriram os meus olhos e me deixaram fascinado. O primeiro deles é A Poética do Suicídio em Sylvia Plath, de Ana Cecília Carvalho, sua tese de doutorado pela UFMG. No livro, Ana Cecília investiga, sob uma perspectiva psicanalítica, as obras de Sylvia Plath, incluindo poemas, contos e até o meu livro favorito, A Redoma de Vidro. Foi muito prazeroso ler esse livro; foi ele quem me revelou que teses e dissertações podem fugir do tom excessivamente acadêmico e se aproximar do literário.
Eros, o Doce-Amargo, de Anne Carson e com tradução de Julia Raiz, é outra recomendação. Inclusive, escrevi uma edição especial sobre esse livro, misturando anotações dos meus cadernos. Você pode ler aqui. O livro também foi a tese de Anne, e fiquei igualmente fascinado. Como o amor pode ser tão complicado e complexo, mas ao mesmo tempo simples e universal? Como o amor pode ser estudado de forma acadêmica? É um texto lindo e muito inteligente.
Além desses livros, ler artigos sobre assuntos que me interessam e até mesmo livros de não-ficção tem me ajudado e me animado. Livros de ensaios também me mostraram que podem, sim, ter um viés acadêmico, caso eu deseje seguir essa linha de escrita. Recomendo muito O homem não existe da Ligia Gonçalves Diniz, Argonautas da Maggie Nelson e O mundo desdobrável da Carola Saavedra. Foram leituras recentes que continuam comigo.
João, vi que está fazendo mestrado na UEM, somos colegas de universidade então rsrsrs Parabéns pela aprovação e desejo muito sucesso! Vou acompanhar por aqui a sua caminhada!
é tão bonito ver a sua empolgação com o mestrado, amigo! e que belezura esse registro aqui da sua caminhada no mestrado e todas as leituras.... já disse e repito: quero saber TUDOOO hahahaha amo